Foto: F. Krüger

Anos atrás, enveredei pelos ziguezagues da costura. Período breve, mas intenso. Dedicação total para aprender as técnicas de "quilting" em patchwork, com direito a aulas com a habilidosa professora Denise. Eu estava grávida da minha terceira filha e queria dar-lhe as boas-vindas com um trabalho manual feito por mim.

Desejo realizado e trabalho concluído, os apetrechos necessários à confecção da peça em patchwork tiveram seu destino lacrado em uma caixa. Não herdei das avós o dom de transformar retalhos e linhas em prodigiosas peças para a família, ao longo da vida.

A tal caixa, no entanto, não deixou de me acompanhar por onde passei, ainda que quase sempre esquecida a um canto. Vez ou outra, era visitada por mãos que procuravam apenas linhas, agulhas e botões, para pequenos reparos em bainhas e costuras desfeitas.

Mas, hoje, essa caixa concedeu liberdade a um item inteiramente deixado de lado há mais de uma década – a máquina de costura portátil! Por ironia do destino, alguém quis confeccionar, ponto por ponto, uma peça a ser presenteada.

Máscaras descartáveis nos protegem do mal do século, mas uma máscara de tecido, feita com empenho e ternura, só pode dar a sensação cálida de proteger muito mais.

Termino a tarde de domingo observando as tentativas – um tanto frustradas – daquele bebê que cresceu: "Acho que não vai dar certo. É difícil, mãe. A linha só arrebenta."

Sigo olhando e repetindo com meus botões: "Mesmo que não dê certo – e é bem provável que não –, eu acho que deu..."